sexta-feira, 12 de junho de 2015

FMP/Fase receberá lançamento do livro "Cartas de Esperança"


Os desmandos e atentados aos direitos humanos nos calabouços da Ditadura Militar são os assuntos de destaque nas cartas escritas por Frei Betto, quando esteve preso no DOI-CODI de SP, entre 1969-1970. Estas cartas, que foram enviadas aos amigos Alceu Amoroso Lima e Leonardo Boff, trazem um relato inédito e minucioso da vida dos presos políticos e religiosos nos porões do Regime, bem como uma espécie de “tipologia” de tortura específica a estes presos.
O lançamento do livro “Cartas de Esperança” será realizado pela editora Vozes, no dia 17 de junho, às 19h, na Sala Arthur de Sá Earp Neto, no campus da FMP/Fase. O evento vai contar com a presença de Leonardo Boff, que vai conversar com o público acompanhado pelo autor do livro, Leandro Garcia. Na ocasião, o coral do CDDH, Nheengarecoporanga, também fará uma apresentação. A entrada é gratuita.
A preparação desse livro foi feita no ano passado. A motivação se deu por conta dos 50 anos do Golpe de 64. É uma obra direcionada especialmente aos interessados na História do Brasil e na História da Igreja Católica no Brasil, e suas relações com o Regime Militar. Inicialmente, a Igreja apoiou o Regime, mas depois tornou- se a sua principal opositora”, destaca o autor do livro, Leandro Garcia.
Segundo o autor, este fragmento, de uma carta de Frei Betto a Alceu Amoroso Lima, ilustra o conteúdo geral do Livro: Só para ilustrar a situação em que vivemos: há pouco mais de uma semana frei Tito de Alencar Lima foi levado para novos interrogatórios na “Operação Bandeirantes” (Polícia do Exército).  Ontem soubemos que ele foi novamente torturado no “pau de arara” com choques elétricos e que havia “tentado o suicídio” cortando os pulsos.  Levado ao Hospital Militar recebeu transfusões de sangue e já está fora de perigo, levaram-no de volta à prisão do Exército. [...] Não deixaram que frei Tito recebesse qualquer visita enquanto não desaparecerem as marcas da tortura.  É o costume.  Nós que conhecemos bem a ele e à Polícia do Exército, sabemos que frei Tito jamais seria capaz de um gesto desesperado.  É jovem, tem grande força física e moral.  Certamente tentaram “suicidá-lo”, como já ocorreu a outros e então bateram nele até arrancar sangue. Este é um caso entre centenas.  É o retrato do regime em que vivemos.  Nem senhores de idade escapam à tortura.

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Departamento de Comunicação Faculdade Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis