segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Dia da Consciência Negra é comemorado com avanços nos atendimentos à população de mulheres negras em Petrópolis


A data 20 de novembro foi escolhida como o Dia Nacional da Consciência Negra. Nesse mesmo dia, no ano de 1695, morreu Zumbi dos Palmares - liderança mais conhecida do chamado Quilombo dos Palmares, que se localizava na Serra da Barriga, atual estado de Alagoas. A fama e o símbolo de resistência e força contra a escravidão fizeram com que a data da morte de Zumbi fosse escolhida pelo movimento negro brasileiro para representar o Dia da Consciência Negra.

Mesmo após a conquista da liberdade e as constantes lutas da população negra em relação ao racismo e o preconceito, os negros enfrentam algumas dificuldades específicas em relação aos serviços públicos de saúde que, muitas vezes, não atendem algumas especificidades próprias da raça negra.

“A necessidade da atenção especial aos cuidados da população negra se dá devido a fatores histórico-culturais, como a desigualdade social. A população negra sofre com algumas doenças genéticas específicas, como: diabetes, hipertensão e anemia falciforme, dentre outras”, explica Maria Cecília Marcolino, professora do curso de Enfermagem da Faculdade Arthur Sá Earp Neto (FMP/Fase).

Karen Santos, que estuda Enfermagem na Fase, iniciou uma pesquisa para fazer o TCC (trabalho de conclusão de curso) sobre a população de mulheres negras que vivem na localidade de Cascatinha, em Petrópolis. O tema recebeu apoio da instituição de ensino superior, uma vez que o assunto aborda as características específicas da população negra, que está distribuída em todo o território nacional, e ressalta a necessidade dos profissionais, principalmente da área da saúde, terem conhecimentos sobre as especificidades desta população e um olhar único no atendimento deste grupo populacional.

“O negro ainda sofre com algumas condições desfavoráveis devido a sua vulnerabilidade social. Essa situação, somada às doenças citadas que são próprias da sua genética, fortalece tal panorama. É preciso que todos os profissionais da área da saúde tenham conhecimento acerca dessa especificidade da população negra para que possam oferecer um atendimento de qualidade próprio para essa clientela”, destaca a professora Maria Cecília, que foi orientadora desse projeto de TCC. 

A ideia da pesquisa na cidade surgiu, em 2014, quando a aluna participou do Congresso Brasileiro de Enfermagem em Belém, no Pará. Após observar um bate-papo em uma tenda cultural e receber vários cadernos de Políticas Nacionais, entre eles o caderno de Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, Karen decidiu se dedicar ao assunto, para elaboração do TCC, ao perceber que a política traz uma conexão direta com questões sociais, que interferem no processo de saúde/doença da população negra.

“Eu levantei um perfil das mulheres negras atendidas na consulta de enfermagem ginecológica realizada no Ambulatório-Escola da FMP/Fase. Esses dados permitem que os profissionais que lá atuam tenham conhecimento do grupo com que irão lidar diariamente e possam elaborar um plano de cuidado mais eficiente, que traria benefícios enormes no momento da consulta dessa mulher. Os profissionais conseguiriam abranger aspectos relevantes e elaborar intervenções que podem evitar complicações futuras”, explica Karen Santos, estudante do 9º período de Enfermagem da FMP/Fase.


O Ministério da Saúde oferece material específico de atendimento à população negra, que é de fácil acesso através da Política Nacional à Saúde Integral da População Negra (PNSIPN). Esse seria, segundo os profissionais da área de saúde, o primeiro passo para um atendimento diferenciado. De acordo com o Ministério da Saúde, a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra define os princípios, a marca, os objetivos, as diretrizes, as estratégias e as responsabilidades de gestão voltadas para a melhoria das condições de saúde desse segmento da população.


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Departamento de Comunicação Faculdade Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis